quinta-feira, 30 de abril de 2009

Chet Baker, um jazzista com aura de popstar


Angústia, drogas e dor misturadas a canções de amor e um belo rostinho que fez diversas moçoilas suspirarem: eis o universo de Chet Baker, um jazzista com aura de popstar. Sua trajetória, envolta numa boa dose de mistério, ainda hoje fascina fãs de jazz de todo o mundo.O trompetista e cantor estadunidense passou grande parte de seus 58 anos injetando quantidades absurdas de heroína, roubando os amigos para sustentar o vício e até mesmo batendo na mãe. Mas fascinou multidões e emplacou sucessos sublimes, como My Funny Valentine, Let’s Get Lost, All The Things You Are, I’ll Remember April e These Foolish Things.Chet Baker e o trompete formaram uma parceria tão intrínseca que um parecia extensão do outro. O mais intrigante é que esta relação siamesa começou porque, aos 12 anos, o pequeno Chet não conseguia tocar o trombone de vara dado por seu pai, Chesney Baker, um violonista frustrado que foi obrigado a trocar a música por qualquer trabalho manual para garantir a sobrevivência da família durante a Recessão de 1929.Aos 16 anos, em plena II Guerra, Chet se alistou no Exército e foi enviado para Berlim, onde começou a tocar na 298th Army Band, onde assumiu o posto de primeiro trompete. Se quando tocava no colégio tinha como parâmetro o jazz tradicional, em Berlim Chet conheceu o bebop de Dizzy Gillespie. A partir de então, suas referências passaram a ser trompetistas mais jovens e inovadores, como Miles Davis e Fats Navarro.Desligou-se do serviço militar em 1948, e matriculou-se no El Camino College, em Los Angeles, onde estudou teoria e harmonia enquanto tocava em clubes de jazz. No entanto, acabou abandonando os estudos no meio do segundo ano e voltou para o Exército, onde se tornou membro da Sixth Army Band, no Presídio de São Francisco. Chet tocava o dia inteiro com a banda do regimento, dormia um pouco à noite, durante a madrugada freqüentava clubes de jazz – onde pôde conhecer mais a fundo a cena jazzística do norte da Califórnia – e, pela manhã, voltava aos ensaios com a banda. Após conseguir o desligamento do Exército, através de um atestado de incapacidade para a vida militar, Chet ficou livre para se tornar um músico profissional de jazz.A princípio, não foi nada fácil. As coisas só mudaram de rumo na primavera de 1952, quando ele foi escolhido em uma audição para tocar com Charlie Parker em uma turnê na Costa Oeste. Baker fez seu debut com o consagrado saxofonista no Tiffany Club, em Los Angeles. O Bird definia o trabalho de Chet como "puro e simples". Esta espécie de "bênção" fez com que Chet conquistasse fama instantânea e rendeu grande reconhecimento aos trabalhos posteriores, como a participação no Gerry Mulligan Quartet, gravações com Art Pepper e Birdland All-Stars (dentre outros), a formação de seu próprio quarteto (que começou com Russ Freeman no piano, Red Mitchell no baixo e Bobby White na bateria) e, até mesmo, o lançamento do álbum Chet Baker Sings, com canções de tom romântico na voz do próprio trompetista. Seus álbuns são repletos de sentimento, tragédia, angústia e beleza.Baker viciou-se em heroína na década de 1950, mas seus hábitos só começaram a interferir em sua carreira na década de 1960. Em meio a prisões, deportações e um espancamento em San Francisco no verão de 1966, ele parou de tocar nos anos 1970, fazendo apenas eventuais participações especiais, como na gravação da canção Shipbuilding, de Elvis Costello, em protesto à Guerra das Malvinas em 1983.Em 1987, o fotógrafo e cineasta Bruce Weber fez um documentário a respeito de Chet. No ano seguinte, Baker foi encontrado morto na calçada do hotel em que estava hospedado, em Amsterdã, depois de consumir heroína e cocaína. O filme de Weber, Let's Get Lost, que estreou no outono de 1988, foi aclamado pela crítica e recebeu uma indicação ao Oscar.Muitos dizem que Chet foi apenas um bom trompetista, o que não deixa de ser verdade. O jazz é cheio de trompetistas com mais pegada, que tocam pesado... O que fez dele um grande sucesso foi sua capacidade de mexer com as pessoas: vinte anos após sua morte, suas músicas continuam sendo regravadas e aparecendo freqüentemente em filmes e comerciais.


Texto publicado originalmente no Cultura & Música

Programa 100

Foi ao ar no domingo passado o programa de número 100 do Bossa, Jazz&Cia. Um marco legal. Não esperava que o programa tivesse vida tão longa na FM Unitau. Mas esta é uma das vantagens de poder contar com uma rádio educativa: não ter compromisso com grandes audiências e exercitar uma programação eclética e de qualidade.
E por uma feliz coincidência, estava em São paulo no final de semana que passou e pude ouvir sábado a noite (antes de retornar a Taubaté no domingo)pela Eldorado FM, o Jazzmasters que, infelizmente, não é mais exibido aqui pela Band Vale FM. E eles estvam comemorando 05 anos de programa. Fiquei feliz com a coincidência: 100 edições do Bossa, Jazz&Cia no mesmo fim de semana em que o JazzMasters completava 05 anos... DEMAIS!!!
A linha dos dois programas é um pouco diferente, mas sempre fui fã de carteirinha do JazzMasters e, de certo modo, eles inspiraram a criação do meu programa.

Arquivo do blog