sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma grande perda...

O saxofonista, flautista e compositor James Moody faleceu ontem (09/12) em sua residência em San Diego. Ele tinha 85 anos e sofria de um câncer no pâncreas e , recentemente, escolheu declinar do tratamento através de radiação e quimioterapia.

O serviço funerário está marcado para o dia 18 de Dezembro noGreenwood Memorial Park, 4300 Imperial Ave em San Diego com visitação pela manhã e uma celebração de sua vida na Faith Chapel,9400 Campo Road no Spring Valley às 14h.

Com 21 anos , em 1946, foi contratado por Dizzy Gillespie para integrar sua big-band - a primeira orquestra de puro bebop, estilo até então restrito a pequenos conjuntos. A banda tinha, entre os seus componentes músicos que estariam, no futuro, compondo a constelação do jazz como o vibrafonista Milt Jackson , o baxista Ray Brown, o pianista John Lewis e o baterista Kenny Clarke .

Em maio de 1949, James Moody brilhava no primeiro Festival Internacional de Jazz de Paris, ao lado do emergente Miles Davis, líder de um quinteto em que o pianista era Tadd Dameron, compositor de Good bait, Hot house, Lady Bird e outras memoráveis antífonas do bebop.

James Moody gostou da esperiência européia e por lá foi ficando. Na Suécia, meses depois do sucesso de Paris, gravou no sax alto (e não no sax tenor habitual) uma versão irresistível de "I'm in the Mood for Love" com letra de Eddie Jefferson (1918-1979), o mais original e esquecido de todos os vocalistas bop. Muita gente associa James Moody, apenas, a este sucesso que é obrigado a tocar (e a cantar) sempre que se apresenta em público, e não sabe que o saxofonista, principalmente no tenor foi um dos mais criativos estilistas do instrumento em forma de "j" que é o próprio símbolo do jazz, desde os tempos de Coleman Hawkins e Lester Young.
Músicos e críticos sempre o elevaram ao nível de Dexter Gordon, Johnny Griffin, Benny Golson e Jimmy Heath.O crítico Gary Giddins, ao comentar para o Village Voice uma apresentação de Moody no finado Sweet Basil, em 1980, quando voltou de um "exílio" de sete anos em Las Vegas, sintetizou de forma muito feliz as principais características do grande saxofonista: "a ilimitada facilidade de expressão, os belos sombreados tonais e essas intrigantes justaposições que fazem de seus melhores solos mini-epopéias, nas quais rivalizam paixão, suspense, realces cômicos, lirismo, imprevisibilidade, inteligência aguda e variação tonal".Essas qualidades já eram notáveis nos anos 60, sobretudo no quinteto que Dizzy Gillespie formou com ele e o pianista Kenny Barron em posições de relevo, improvisando sobre temas de Dameron e composições refinadas de Tom McIntosh. O LP "Something old, Something new", de 1963, reeditado pela Verve (558079), é um registro precioso, tanto na discografia de Gillespie como na de Moody.Outros discos relevantes para quem quer apreciar o endiabrado representante do ramo estilístico da árvore Lester Young-Charlie Parker são:" Moody and the brass figures (OJC 1099)", de 1967, em que o saxofonista interpreta temas bop sobre arranjos para três trompetes, um trombone, tuba e seção rítmica; "Moody's party-Live at the Blue Note (Telarc 83382)", comemoração dos 70 anos do pioneiro do bebop, em quarteto com Mulgrew Miller (piano) e convidados da excelência do trompetista Arturo Sandoval e do também saxofonista Chris Potter; "The two tenors-Warner jams, vol.2 (Warner 46212)", de 1997, em que Moody exibe sua maestria, co-liderando um quinteto com o também sax tenor Mark Turner, 40 anos mais moço, e um dos mais expressivos jazzmen da "geração dos anos 90". Seus discos mais recentes foram "James Moody 4A" e James Moody 4B", cujas críticas publicamos neste blog (Ver Seção Marcadores - Crítica).
Com uma imensa saudade nos despedimos com o vídeo abaixo


Fontes :SoJazz/JazzTimes e Clube do Jazz

De volta!

Ficamos um bom tempo sem postar aqui por conta das correrias de final de ano. Mas o programa continuou firme no ar, todo domingo, trazendo muita música de qualidade. Teremos programas inéditos ao longo de todo o mês de dezembro. Continue ouvindo. E acompanhando o blog também!

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